domingo, fevereiro 19, 2012

Série Patrimônio Industrial do Brasil (Bahia)



Esta série de posts apresenta os bens do patrimônio industrial tombado pelo IPHAN. Cada post apresentará o patrimônio industrial de um estado brasileiro.
A descrição dos bens foi obtida no Arquivo Noronha Santos do IPHAN.


Bahia

É interessante notar que todos os bens industriais tombados na Bahia são fruto do densenvolvimento da indústria açucareira colonial e foram tombados no anos iniciais de atuação do IPHAN, quando se buscava consolidar uma visão de nação e de identidade nacional baseada, principalmente, na valorização da história e arquitetura colonial.

Engenho Lagoa: sobrado e capela (São Sebastião do Passé)

Descrição: O conjunto de sobrado e capela implanta-se sobre uma elevação de onde se dominam extensas pastagens, anteriormente ocupadas por canaviais. A capela se situa à esquerda da casa, muito próxima da mesma. 
A construção deste conjunto, um dos mais requintados do Recôncavo Baiano, deve datar do final do século XVIII, ainda que não se saiba com precisão, o que é indicado pela simetria de sua composição. 
O sobrado desenvolve-se em dois níveis: o primeiro formado pelo saguão e dependências e o segundo por salões, quartos, cozinhas etc. Devido à topografia, o segundo piso se apóia sobre arcaria, na frente e, no fundo, sobre o terreno. A monumentalidade caracteriza-o volumetricamente. O requinte de seu tratamento arquitetônico pode ser observado na disposição dos cunhais e cornija que emolduram a fachada, pelo desenho da arcaria, com segmentos côncavos e outros convexos e pelo correr de janelas de púlpito com gradil de ferro e sobreverga ondulada, do pavimento nobre. 
A capela, dedicada ao Espírito Santo, apresenta nave única ladeada por galerias abertas para o exterior e capela-mor flanqueada por sacristias. A da direita, abre-se diretamente sobre a capela por um vão guarnecido por treliças de madeira. Sua fachada principal apresenta porta central ladeada por duas janelas, que são superpostas por outras de igual número, no coro. O óculo foi modificado quando da reforma da casa-grande, no final dos oitocentos. O jogo de telhados - de duas águas, de meias-águas e alturas diferenciadas - conferem leveza ao volume.

Data do tombamento: 6-7-1942

Engenho Lagoa (fonte: http://canalrural.ruralbr.com.br)

Engenho Matoim: sobrado e fábrica de açúcar (Candeias)

Descrição: Em 1584, a propriedade de Jorge Antunes era composta de um engenho, casa-grande e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Foi destruído pelos holandeses e reconstruído pela família Rocha Pita no séc. XVIII. Em 1973, o local foi desapropriado pelo Estado da Bahia e passou a integrar o Centro Industrial de Aratú. 
Casa-grande de engenho construída em paredes de alvenaria mista de pedra e tijolo que suportam as tesouras do telhado. Sua planta desenvolve-se em torno de um pátio retangular. O imóvel possui três níveis: no primeiro andar há um porão, o segundo pavimento com saguão, ladeado por grandes salões com janelas conversadeiras e onde, originalmente, haviam 7 quartos de hóspedes, o terceiro pavimento possui janelas do tipo tribuna, salões, capelas, quartos e cozinha. O pátio corresponde ao terceiro nível, sendo contornado, em três lados, por uma galeria de arcos plenos apoiados em colunas toscanas, à feição dos pátios conventuais.

Data do tombamento: 6-9-1943


Engenho Embiara: sobrado (Cachoeira)

Descrição: A casa e a fazenda eram denominadas "Morgado Real do Embiara". A primitiva Capela data de 1637, porém o atual sobrado, construído por Bernardino José Aragão, só foi edificado em 1806. O sobrado foi habitado até 1940, por herdeiros da família Paes Aragão. 
Solar rural de dimensões e tratamento palaciano. O partido em "U", formando um pátio aberto no fundo, foi adotado no século passado em outras casas grandes e engenhos do recôncavo. Possuía estrutura de paredes auto-portantes de alvenaria de pedra e tijolo que suportavam o assoalho do primeiro pavimento e tesouras do telhado. Algumas divisórias do sobrado eram de estuque e seus cômodos se distribuíam em dois pavimentos. O sobrado assenta-se sobre um terrapleno, que forma um "atrium" diante do edifício, tendo como acesso escadaria semi-circular de lioz. O sobrado possuía grandes salões, dormitórios e capela. Encontra-se hoje em estado avançado de arruinamento.

Data do tombamento: 23-3-1943

Engenho Embiara

Engenho Vitória: sobrado, capela, crucifixo, senzala e banheiro (Cachoeira)

Descrição: Em 1812 inicia-se a construção do engenho, pelo Com. Pedro Bandeira, abastado negociante e senhor de engenhos da região e um dos introdutores da navegação a vapor na Bahia. 
O edifício é um dos mais representativos exemplos da casa rural assobradada. O sobrado é desenvolvido em três níveis, segundo planta em "T", originalmente ligado à fábrica. Uma passagem coberta, que serve de acesso tanto ao engenho quanto ao sobrado, divide o térreo em duas partes. De um lado a "loggia" e duas salas abrindo-se para o rio, do outro um salão em mármore, capela abobadada, depósito e quartos de criados. No pavimento nobre encontra-se os quartos e o salão de visita, que se projeta sobre o rio sendo flanqueado por duas galerias de arcos. O sótão foi ampliado e transformado em apartamento neste século. Merecem destaque a portada e o brasão em mármore da família Muniz e os azulejos do banheiro externo.

Data do tombamento: 23-3-1943

Engenho Vitória

Ruínas do Engenho Vitória (fonte: http://jomarlimafot.blogspot.com )

Engenho Freguesia: sobrado, fábrica de açúcar e Capela de Nossa Senhora da Piedade (Candeias)


Descrição: A Sesmaria, onde mais tarde surgiria o Engenho Freguesia, foi doada em 1560 a Sebastião Álvares. Nesta época, o engenho possuía grandes edifícios. Em 1624 foi incendiado pelos holandeses. 
A feição que a casa possui hoje é resultado das obras que aconteceram em 1760. Em 1900 o engenho deixa de moer e é desapropriado, em 1968, pelo Governo Estadual para a instalação do Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, aberto ao público em 1971. 
A casa grande está implantada em uma encosta suave, em frente à casa existe um cais para atracação de saveiros, sendo este o único meio de acesso ao antigo engenho. Esta casa-grande é um dos raros exemplares, conhecidos no país, de edifício residencial desenvolvido em torno de dois pátios, com capela contígua - com porte de igreja matriz - e planta de corredores laterais e tribunas. A casa possui quatro pisos, sendo os dois primeiros parciais, devido a topografia. Sua planta desenvolve-se em partido de "T", com quartos, salas e alcovas voltados para os pátios. Muito interessante é a cozinha da casa com coifas e chaminés de tipo alentejano. Sua fachada é marcada pela predominância de vazios, sendo as esquadrias do séc. XVIII e gradis de balcões do séc. XIX. 

Data do tombamento: 14-9-1944

Engenho Freguesia

Engenho São Miguel e Almas: casa e capela (São Francisco do Conde)

Descrição: O engenho integrava o morgado instituído por José Pires de Carvalho, tendo suas terras demarcadas pelo Conselho Ultramarino em 1797. Em 1820, documentos registram a propriedade do Engenho de São Miguel com galeria de casa de moradia, fábrica e capela de pedra e cal. A propriedade continua em poder dos descendentes de seus primeiros proprietários. 
Pouco pode-se identificar no monumento devido ao seu avançado estado de arruinamento. Restam apenas a caixa de muros do sobrado e uma das sineiras da capela. Através de estudos analógicos, pode-se entender que a casa possuía planta retangular com circulação central e um apêndice do lado esquerdo com instalações de serviço. Sua fachada principal com predominância de cheios sobre vazios é uma composição típica do séc. XVIII. Já nas fachadas laterais predominam os vazios e os vãos apresentam cercaduras do tipo D. Maria I, que se difundiram na Bahia no século XIX. 
A capela que compunha este conjunto tinha uma só nave, ladeada de arcarias. Sua fachada possuia uma porta e duas janelas de coro e era culminada por frontão de estilo barroco ladeada por duas espadañas imitando torres.

Data do tombamento: 28-6-1944

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