sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Série Patrimônio Industrial do Brasil (Amazonas)


Começamos hoje uma série de posts sobre os bens do patrimônio industrial tombado pelo IPHAN. Cada post apresentará o patrimônio industrial de um estado brasileiro.
A descrição dos bens foi obtida no Arquivo Noronha Santos do IPHAN.


AMAZONAS


Reservatório de Mocó (Manaus)

Descrição: Construção com estrutura de ferro escondida por concreto, típica de fins do século XIX. Representa um marco no abastecimento de água e no processo de expansão urbana da capital amazônica . Na década de 70 foi construído um novo reservatório e, até 1984, funcionou ali um restaurante. O reservatório encontra-se em pleno funcionamento e é responsável por 60% do abastecimento de água de Manaus.




Mercado Municipal Adolpho Lisboa (Manaus)
Descrição: No século XIX, preocupações a respeito das condições higiênicas na comercialização de alimentos, criaram a necessidade da construção de mercados públicos em várias cidades, à exemplo do existente em Manaus, às margens do rio Negro. 
O Mercado Municipal de Manaus teve sua construção iniciada em 1880, pela firma "Bakus & Brisbin", de Belém, com pavilhões construídos em estrutura de ferro, pela firma "Francis Morton Engineers Liverpool". Sua inauguração se deu em 1883. 
Dessa época é datado o edifício principal. Trata-se de um galpão de aproximadamente 45 metros de comprimento e 42 m de largura, construído em estrutura de ferro. A estrutura é sustentada por 28 colunas, sendo os parapeitos onde estas se apoiam e as duas salas laterais, em alvenaria de pedra e tijolo. Seu calçamento é de laje de cantaria, de forma retangular e sua rua central é calçada em paralelepípedos. As salas laterais possuem vinte "boxes", separados entre si por grades de ferro, possuindo, cada um, balcões de madeira com tampo em mármore. 
Em 1890 foram construídos dois outros pavilhões (galpões) laterais de igual tamanho, também com estrutura de ferro e cobertura de zinco. Os "novos" pavilhões possuem 360 m2 de área útil. Sua estrutura é formada por beirais abertos, encimados por arcos de ferro, os quais são sustentados por colunas, também em ferro. Nas duas fachadas principais, fechando os arcos, há gradis de ferro com ornatos decorados, acompanhados por vidros coloridos. 
Por volta de 1908, foi construído o pavilhão posterior para a comercialização, na época, de tartarugas, o qual possuía iluminação a querosene. Tal pavilhão teve a estrutura em ferro construída pela companhia "Walter Macfarlane, Glasgow". Seu formato difere dos outros, sendo este totalmente fechado, possuindo cobertura em quatro águas e feita com chapas onduladas. A construção possui venezianas em todo o seu contorno, tendo oito entradas de acesso (uma em cada fachada principal, e três em cada lateral). 
A construção também possui frontões formados por gradis ornados em ferro e vidros coloridos. Ladeando esse pavilhão existem dois menores, de forma octogonal, possuindo também venezianas laterais em seu contorno e janelas em vidro (acima das venezianas). As janelas são encimadas por gradis de ferro decorados por motivos florais.






Porto de Manaus
Descrição: Sua construção está relacionada a um dos períodos mais importantes para a região amazônica - o ciclo da borracha - pois, durante este tempo o local viveu grande prosperidade. Começando em 1850, com a elevação da Comarca do Alto Amazonas à Provincia do Amazonas, foi autorizada a navegação a vapor do rio Amazonas e seus afluentes. 
Em 1890, a "Metrópole da Borracha" adquirira todos os hábitos e costumes das "cidades modernas". A exploração, o beneficiamento e a exportação da borracha se regulamenta e Manaus passa a ser sede das grandes casas exportadoras. A cidade fica diretamente ligada ao mercado internacional e contribui economicamente com 38% das divisas do país. 
Esta situação resulta no edital, em 1899, para execução de obras de melhoramento do Porto, a fim de escoar a produção da borracha. O contrato foi fechado em1900 entre o Governo Federal e a firma B. Rymkierwiez & Cia, entretanto é transferido para a firma inglesa Manaos Harbour Limited, com as obras começando em 1902. O porto foi construído respeitando o fenômeno de "cheia" e "vazante" do rio Negro. O litoral e um antigo igarapé foram aterrados e foi levantado um muro de arrimo, construído à jusante, acompanhando o pequeno trecho, já existente, de meados do século passado. Além do cais de alvenaria, foi construído um cais sobre bóias de ferro cilíndricas, flutuando independente do nível do rio. 
A forma de pensar a arquitetura do início do século está bem representada no porto. O ferro aparece com soluções formais próprias - armazéns com chapas onduladas de vedação, o "road-way" sobre bóias flutuantes. Porém, quando se trata dos edifícios da Alfândega e da Administração temos a estrutura de ferro escondida sob vedações de alvenaria, com elementos alusivos a estilos passados. 
Os prédios da Alfândega e da Guardamoria representam uma transição entre o conjunto de armazéns e os edifícios da Manaos Harbour, por utilizarem o sistema de pré-moldagem. Três das edificações tombadas são anteriores aos empreendimentos da Manaos Harbour Ltd.: o antigo edifício do Tesouro Público (inscrições na fachada 1887-1890) de estilo neo-clássico; o trapiche 15 de novembro - o único em chapa prensada de fabricação belga (possivelmente trata-se do mesmo trapiche Princesa Isabel cuja construção foi iniciada em 1888 e rebatizado com o advento da República) e a bomba de incêndio, junto a este trapiche, que já é mencionada nos relatórios das obras públicas datado de 1869 a 1881. Os armazéns foram construídos de 1903 a 1910. 
Fazem parte do acervo as seguintes edificações: Escritório Central e fachada anexa, na rua Taqueirinha nº 125; Setor administrativo, na rua Governador Vitório nº 121; Setor de operações, antigo prédio do Tesouro, na rua Monteiro de Souza s/nº; Museu do Porto, na rua Vivaldo Lima nº 61; antiga Casa da Tração Elétrica, na rua Marquês de Santa Cruz s/nº; Armazéns nºs 3, 4, 5, 10, 15, 18 e 20; Road-Way e a bomba de incêndio.


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