terça-feira, abril 24, 2012

Série Patrimônio Industrial do Brasil (Minas Gerais)

Esta série de posts apresenta os bens do patrimônio industrial tombado pelo IPHAN. Cada post apresentará o patrimônio industrial de um estado brasileiro.A descrição dos bens foi obtida no Arquivo Noronha Santos do IPHAN.

Minas Gerais

Fábrica de Ferro Patriótica: ruínas (Ouro Preto)
Descrição:A Fábrica de Ferro Patriótica foi fundada pelo Barão de Eschwege, tendo sido construída em terreno de propriedade do Barão de Paraopeba, que mais tarde viria a ser seu sócio. Os trabalhos de construção tiveram início em fins de 1811 e, a 12 de dezembro de 1812, deu-se a primeira corrida de ferro no Brasil, o que confere à Fábrica Patriótica de São Julião um papel fundamental na história da siderurgia no Brasil. 
O Barão de Eschwege, fundador da fábrica de ferro e um dos pioneiros da indústria em nosso país, era alemão de origem, engenheiro e naturalista. Seus primeiros trabalhos na Alemanha foram dedicados à mineralogia. Chegou ao Brasil por ocasião da viagem da Família Real, em 1808, sendo aqui nomeado Tenente-Coronel do Real Corpo de Engenheiros de Vila Rica, Intendente das Minas de Ouro e Curador do Real Gabinete de Mineralogia. Realizou diversas viagens de estudos e observação científica em Minas e São Paulo, quando então fundou a fábrica, em fins de 1811. 
Conforme o projeto da fábrica, foram instalados quatro fornos, duas forjas de ferro, um malho, bem como um engenho de socar, instalados num único edifício. O malho, com os respectivos cabos, bigornas e aspas, foi importado da Inglaterra pelo governo brasileiro e doado à fábrica, tendo sido o primeiro no Brasil que, movido a força hidráulica começou a forjar o primeiro ferro, produto dos fornos desta primeira fábrica. Alguns anos depois construiu-se, em nível inferior, um telheiro para o malho e as duas forjas. De acordo com o plano primitivo, o malho foi disposto entre as forjas, o que permitiu a instalação, no mesmo prédio, de quatro outros pequenos fornos de fundição, possibilitando o uso alternado dos fornos. 
A fábrica encerrou suas atividades provavelmente em 1822, após a partida de von Eschewege para a Europa, em razão de divergências entre os principais acionistas da empresa. O plano do barão era de antecipar a fabricação da grande usina do Morro do Pilar, assim como a de Ipanema e de ser, assim, a primeira fábrica de produzir ferro industrialmente, no Brasil. A sua atividade científica ao regressar à Europa continuou ligada ao Brasil, na base de anotações feitas nas viagens que efetuou, resultando em diversas obras sobre geologia e riquezas minerais, destacando-se a obra "Pluto Brasiliensis" ou a "Riqueza do Brasil em Ouro, Diamante e outros minerais," 1833. 
Abandonada a fábrica, em breve transformava-se em ruínas, que ora são conservadas pelo IPHAN como testemunho histórico da indústria siderúrgica. Vêem-se ainda os vestígios das construções e de algumas paredes de pedra. 
Texto extraído de: Arquivo IPHAN. CARRAZZONI, Maria Elisa. Guia dos Bens Tombados. 1984. SOUZA, Wladimir Alves de: Guia dos Bens Tombados. Minas Gerais. 1984.

Data de tombamento: 30-6-1938


Fábrica de Ferro Patriótica. Fonte
Fábrica de Ferro Patriótica. Fonte

Complexo ferroviário de São João del Rei (São João Del Rei e Tiradentes)
Descrição: O complexo ferroviário de São João del Rei fazia parte da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, criada através da concessão provincial de 1872, com o nome "Estrada de Ferro d' Oeste". Seu percurso iniciava na cidade de Sítios, atual Antônio Carlos, que estava ligada com a Estrada de Ferro D. Pedro II (depois Central do Brasil), partindo daí para São João del Rei. Através de uma série de concessões, a Oeste de Minas foi se estendendo a outras cidades e ramais, chegando a Oliveira (ramal Ribeirão Vermelho) e desta até Paraopeba (ramal Itapecerica), de modo que em 1894 abrangia um percurso total de 684 Km. A
 Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas foi constituída na cidade de São João del Rei, através de estatutos aprovados pelo Governo Federal em julho de 1878, sendo considerada a primeira ferrovia de pequeno porte no país, tendo com uma de suas características a bitola estreita de 760 mm. A inauguração do trecho Sítio-São João del Rei ocorreu no dia 28 de agosto de 1881 e contou com a presença do Imperador D. Pedro II. Este trecho possuía a extensão de 100 Km, percorrendo as estações de Barroso, São José e Tiradentes. 
Inicialmente a Companhia compunha-se de quatro locomotivas, de procedência norte-americana, da fábrica Baldwin Locomotive Works-Philadelphia. O restante do material rodante foi todo construído nas oficinas da Estrada de Ferro D. Pedro II. Em 1957, a Oeste de Minas foi integrada à Rede Ferroviária Federal S/A, sua última proprietária 
O complexo ferroviário inclui, além do trecho ferroviário São João del Rei, com uma extensão de 12 Km, em bitola estreita (0,76 mm) e ainda em funcionamento como linha turística, as seguintes edificações: 
1- O prédio da Estação de São João Del Rei, apresentando plataforma com cobertura estrutural de ferro, de belíssimo acabamento. 
2- O prédio da Estação de Tiradentes, caracterizado pelas linhas simples, sem muito detalhamento, com cobertura em telha francesa e plataforma arrematada por lambrequins de madeira. 
3- O Museu Ferroviário, antigo armazém de carga da ferrovia ,anexo à estação de São João Del Rei, inaugurado por ocasião do centenário da Estrada de Ferro Oeste de Minas, em 1981, encontrando-se entre suas relíquias a locomotiva número 1. 
4- Rotunda de São João Del Rei, com edifício e telhado em forma diagonal, vãos em arco pleno, paredes em alvenaria de tijolos, cuja recuperação realizada pela Rede Ferroviária, procurou manter os elementos construtivos originais. Dos elementos originais foram conservados o "girador de locomotivas ", as linhas e valas de inspeção e alguns pedestais de pedra onde eram apoiadas as colunas de ferro para a sustentação do telhado. Nela acham-se guardados diversas locomotivas e vagões. 
5- Oficinas de manutenção, cujo prédio foi inaugurado em 1822. Possui máquinas centenárias de fabricação inglesa, em perfeito estado de conservação, que ainda hoje continuam dando assistência na reparação das locomotivas e vagões. 
6- O antigo almoxarifado e antigo armazém, completam a relação de prédios antigos, tendo sido transformados em Centro de Artes e Auditórios. Entre as máquinas e vagões, incluem-se um total de quinze ((15) locomotivas, estando três (3) em operação. As demais acham-se em exposição, sendo uma (1) no Museu Ferroviário, como acima referido, e onze (11) na Rotunda, sendo a maioria de fabricação americana. Com relação aos vagões, nove (9) são utilizados para operação de transporte turístico e os demais ou encontram-se em exposição ou aguardam nas oficinas por trabalhos de recuperação. 
Texto extraído de: Arquivo Museu Regional de São João del Rei.

Data de tombamento: 3-8-1989


Estação de Tiradentes. Fonte
Museu Ferroviário. Fonte
Complexo ferroviário de São João del Rei. Fonte
Cataguases: conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico (Cataguases)
Descrição: Conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico da Cidade de Cataguases.
No interior do perímetro tombado, além da atual pavimentação das Ruas e Avenidas ficam tombados, em especial, os seguintes bens imóveis e integrados: 
l. Prédio do Colégio Cataguases, atual Colégio Estadual Manoel Ignácio Peixoto; Chácara Granjaria; Arquiteto: Oscar Niemeyer; Paisagismo: Roberto Burle Marx; Escultura "O Pensador" de Jan Zach; Painel de Pastilhas de Paulo Werneck; Propriedade do Estado de Minas Gerais; 
2. Prédio da Residência de Francisco Inácio Peixoto, à Rua Major Vieira n° 154; Arquiteto: Oscar Niemeyer; Paisagismo: Roberto Burle Marx; Propriedade do Espólio de Francisco Inácio Peixoto; 
3. Prédio da Residência A.O.Gomes, à Avenida Astolfo Dutra n° 176; Arquiteto: Francisco Bologna; Painel de Azulejos (fachada externa) de Anísio Medeiros: Festa Nordestina; Afresco de Émeric Marcier: A lenda sobre o rapto das Sabinas; Propriedade de Nanzita Ladeira Salgado Alvim Gomes; 
4. Prédio da Residência de Josélia Peixoto Medeiros, à Avenida Astolfo Dutra nº 146; Arquiteto: Aldary Henriques Toledo; Paisagismo: Francisco Bologna; Propriedade: Josélia Peixoto Medeiros; 
5. Prédio da Residência de Nélia Peixoto, à Avenida Astolfo Dutra n° 116; Arquiteto: Edgard Guimarães do Vale; Paisagismo: Francisco Bologna; Propriedade de Nélia Peixoto; 
6. Prédio do Hotel Cataguases, à Rua Major Vieira n° 56; Arquitetos: Aldary Henriques Toledo e Gilberto Lemos; Paisagismo: Carlos Percy; Escultura Mulher de Jan Zach; Propriedade do Hotel Cataguases S/C Ltda.; 
7. Prédio do Cine-Teatro Edgard, à Praça Rui Barbosa n° 174; Arquitetos: Aldary Henriques Toledo e Carlos Leão; Propriedade do Circuito Cinema Brasil Ltda./Loja Maçônica Labor e Trabalho e do Município de Cataguases; 
8. Prédio do Edifício A Nacional, à Praça Rui Barbosa n° 68; Arquiteto: M.M.M. Roberto; Propriedade de Walter Ferraz Gomes e Espólio Silvio Ferraz Gomes/Sebastião José de Carvalho/Antonio Gomes de Carvalho/Maria Cristina Carvalho Thomé/ Espólio de Atheniense Ferraz; 
9. Conjunto de Prédios das Residências Operárias, à Rua Francisca Peixoto; Arquiteto: Francisco Bologna; Propriedade da Companhia Industrial de Cataguases; 
10. Monumento a José Inácio Peixoto, à Praça José Inácio Peixoto; Arquiteto: Francisco Bologna; Escultura A família de Bruno Giorgi; Painel de azulejos As Fiandeiras de Cândido Portinari; Propriedade da Companhia Industrial de Cataguases e do Município de Cataguases; 
11. Ponte Metálica sobre o Rio Pomba; Propriedade do Município de Cataguases; 
12. Prédio da Fábrica Fiação e Tecelagem Cataguases/M.Ignácio Peixoto & Filhos, à Praça Manoel Ignácio Peixoto s/n°; Propriedade das Indústrias Irmãos Peixoto; 
13. Prédio da Estação Ferroviária de Cataguases, à Praça Governador Valadares; Propriedade do Município de Cataguases; 
14. Prédio do Museu da Eletricidade Cataguases-Leopoldina, à Av. Astolfo Dutra n° 41; Propriedade da Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina; 
15. Prédio do Edifício do Antigo Grupo Escolar Coronel Vieira, atual Escola Estadual Coronel Vieira, à Av. Astolfo Dutra n° 303; Propriedade do Estado de Minas Gerais; 
16. Prédio do Educandário Dom Silvério, à Rua Doutor Lobo Filho n° 270; Painel (fachada externa) de Anísio Medeiros; Afresco da Capela Genesis de Émeric Marcier; Propriedade da Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência.

Data de tombamento: 17-2-2003


Fábrica Fiação e Tecelagem Cataguases. Fonte
Ponte Metálica sobre o Rio Pomba. Fonte
Conjunto de Prédios das Residências Operárias do arquiteto Francisco Bologna. Fonte



2 comentários:

Estas residências estão sendo todas modificadas pelos seus proprietários.

que pena! o tombamento no Brasil é tão pouco respeitado. é preciso criar novas formas de proteção do patrimônio, com parcerias entre o poder público e os proprietários.

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